Em março do ano passado, as primeiras medidas de isolamento social foram implementadas no Brasil para impedir o avanço do coronavírus. Por promover aglomerações, muitas pessoas passaram a evitar o transporte público para se locomover nas cidades. Com isso, uma “velha” conhecida de duas rodas voltou a ganhar o protagonismo nas ruas: a bicicleta.
Ao mesmo tempo, aqueles que estavam acostumados a praticar esportes indoor encontraram nas bikes a possibilidade de manter a rotina de exercícios, mas com um grande e importante diferencial: o ar livre. Com essa tendência fortalecida, segundo dados do governo federal, só no ano de 2020 foi registrada a abertura de 4.800 empresas que desempenham atividades econômicas relacionadas ao setor de bicicletas no Brasil, o que representa um crescimento de 26% em relação a 2019. No Paraná, segundo dados do Cadastro Sebrae de Empresas, são 2.333 negócios ativos no segmento. Em 2020, no estado, foram abertas 302 empresas no ramo e, em 2019, foram 256 novas. A maioria dos negócios são de micro e pequenas empresas.
O empresário Alessandro Krause (Sandrinho) proprietário de um Bicicletaria em Quedas do Iguaçu (centro-sul paranaense) concorda com os dados. Ele afirmou a nossa reportagem que o setor cresceu muito nos últimos anos.
“De três anos pra cá as pessoas tem procurado mais a bike, e durante a Pandemia com as restrições nas academias e o aumento da gasolina aumentou aqueles que desejam se exercitar aderindo a bicicleta” contou Sandrinho.
O crescimento é ainda mais evidente analisando o ramo de peças, segundo Krause “um dos principais fornecedores a Shimano está com dificuldades na entrega por a procura estar cada vez maior”. Uma empresa brasileira vendeu em uma semana o que normalmente venderia em seis meses. “Assim está este mercado”.
“Pedalar faz bem, emagrece (deixa você longe do celular e do sedentarismo) e aumenta a autoestima” lembrou. Sandrinho fez apelo às autoridades no sentido da criação de ciclovias nas PRs 473 e 484 para Ele “isso só trará benefício, quem pratica esse esporte raramente fica doente é uma questão de saúde”.
“É um ramo que está em constante crescimento, representando uma boa oportunidade de negócios para o micro e pequeno empreendedor. Afinal, além da comercialização da bike propriamente dita, os clientes também têm necessidade de equipamentos de segurança (como capacetes, sinalizadores luminosos, óculos) e que tornam o uso das bikes mais confortável”, pontua a consultora do Sebrae/PR, Angélica Weirich.
Em Laranjeiras do Sul, no centro-oeste do Paraná, o empreendedor Gilmar Golemba Santana também está animado. A empresa foi inaugurada em meio a pandemia e, por esse motivo, algumas dificuldades foram sentidas ainda no começo da empresa. Porém, segundo ele, a grande procura e aceitação dos clientes está tornando o projeto bem-sucedido.
“Vemos que as pessoas têm vinculado a saúde com a prática de esportes e o ciclismo tem sido uma opção bastante procurada porque a partir de variedade de fornecedores, condições de pagamento e produtos, conseguimos vender para pessoas de diversas classes sociais”, destaca o empresário.
Empreendedor de Laranjeiras do Sul está animado com o cenário favorável para as bikes e espera crescer ainda mais nos próximos meses. Crédito da foto: acervo pessoal.
Diante desse cenário promissor, a consultora do Sebrae/PR reforça: apesar de ser um nicho em expansão e com crescimento considerável, antes de investir no ramo, é preciso ter certos cuidados.
“É importante gostar da atividade para que possa transmitir entusiasmo aos interessados em iniciar a prática do pedal; observar novidades do mercado e buscar atrair os praticantes através de diferenciais que personalizem o atendimento. O uso de redes sociais com dicas de equipamentos, uso correto dos materiais, compartilhamento de trajetos e a personificação do perfil são fatores bem interessantes para promover a empresa também”, finaliza Angélica.