A Inteligência Artificial está cada vez mais presente na vida de todos nós. Neurocientista Fabiano de Abreu conta como agora é possível criar músicas inéditas de cantores falecidos com base nos arquivos deixados por eles.
Quem acompanhou as produções cinematográficas da segunda metade do século XX certamente cresceu imaginando como seria o mundo no futuro. Afinal, os filmes daquele período retratavam um tempo em que as máquinas teriam papel primordial em diversas atividades na vida cotidiana, e o homem teria o computador como um grande aliado para executar tarefas até então inimagináveis de serem feitas por um simples equipamento.
Acontece que este futuro chegou. Diante disso, é possível constatar que a Inteligência Artificial agora se faz presente no mundo da música, trazendo novidades que até a alguns anos era algo que só poderia ser visto na imaginação dos roteiristas de Hollywood.
Sim, imagine que a tecnologia e os mecanismos de inteligência artificial estão permitindo “ressuscitar” cantores famosos que já morreram há tantos anos, permitindo a criação de canções inéditas deles. Como bem explica o PhD, neurocientista e especialista em Inteligência Artificial pela IBM, Fabiano de Abreu, agora isso é possível. “Um novo projeto de uma organização de saúde mental norte-americana chamada Over the Bridge denominada “Lost Tapes of the 27 Club” (“As fitas perdidas do Clube dos 27”, em tradução livre), está criando novas composições de artistas do clube que faleceram em decorrência de distúrbios psicológicos”, conta.
Para isso, Abreu explica que “é usada uma ferramenta chamada Magenta AI do Google, que reúne todas as letras de um mesmo compositor, criando músicas com um número médio de versos, acordes e palavras comuns, além de atribuir sentido a elas”. Assim, a criação fica restrita a letra das canções, sendo quatro delas publicadas em janeiro de 2021 no YouTube, reproduzindo Amy Winehouse, Jimi Hendrix e Jim Morrison. O outro caso envolve o vocalista do Nirvana, Kurt Cobain. Morto há exatos 27 anos, o neurocientista destaca que “as canções criadas pela inteligência artificial usando o legado do astro do rock foram interpretadas pelo músico Eric Hogan, que possui uma banda de tributo ao grupo”.
A instituição, cujo nome é uma referência à música “Under The Bridge”, do Red Hot Chilli Peppers, que relata a depressão e solidão na juventude, detalhou a importância dessa ideia em sua página. “Para mostrar ao mundo o que foi perdido para esta crise de saúde mental, usamos a inteligência artificial para criar o álbum que o clube dos 27 nunca teve a chance de gravar. Através deste disco, estamos encorajando mais músicos a obter o apoio à saúde mental que eles precisam, para que possam continuar fazendo a música que todos amamos”.
Seguramente este projeto não deve parar por aí, o que para os amantes da música será algo louvável, já que em um futuro bem próximo certamente será possível conferir canções “inéditas” de seus ídolos que já nos deixaram a tanto tempo. “Faz bem poder relembrar ídolos que jamais serão esquecidos, mas que o tempo adormece os sentidos. Melhor ainda se puder servir de incentivo para que possamos cuidar melhor de nossa saúde mental”, completa Fabiano.