O desastre abateu financeiramente piscicultores das regiões onde estão localizadas usinas hidroelétricas com lagos artificiais no Rio Iguaçu – PR
Redação JE reportagem Marco Antonio Pina (Jornal Expoente do Iguaçu)
Um fenômeno conhecido como embolia gasosa que já foi registrado na Bahia em anos anteriores, está causando prejuízos de grandes proporções em tanques redes com tilápias, e também com peixes nativos no Rio Iguaçu. As fortes chuvas das últimas semanas principalmente na cabeceira do rio tem obrigado as barragens a deixarem as comportas abertas comprometendo a vida aquática em diversos pontos. A notícia gerou comoção na população regional tendo em vista as perdas enormes sofridas por piscicultores daquela região.
Procuramos o Secretário de Meio Ambiente e engenheiro em aquicultura de Quedas do Iguaçu (centro sul paranaense), Rubens Dzendzik, para falar sobre o fenômeno. Ele que também trabalha no ramo explicou à nossa reportagem que “esse ano estamos passando por o ciclo do El Nino, o qual provoca pouca chuva no norte do pais e demasia chuva no sul, fato que se constata diariamente nos noticiários”.
O que isso causa? “Quando há a abertura das comportas por um período de tempo estendido, se ocasiona dois problemas na água. O primeiro é a ALTA do oxigênio chegando a ficar três vezes a concentração normal, isso durante um tempo estendido acima de dois a três dias provoca uma doença no peixe chamada “EMBOLIA GASOSA” aonde o oxigênio presente no corpo do peixe começa a formar bolhas de gás na corrente sanguínea e nas brânquias, chegando a romper esses tecidos . Outro fator que acontece no lago é a correnteza, qual faz o fundo do lago suspender trazendo para cima gases tóxicos como gás sulfúrico ( gás da decomposição da matéria orgânica que sedimenta com o tempo)”. Rubens conclui destacando que “esses fatores ocasionam a mortalidade de peixes nativos como está sendo constatado no rio Iguaçu, nos lagos de Salto Santigo, Osório e Salto Caxias e também a mortalidade de peixes em cultivo”.
O que pode ser feito? “Para os peixes nativos infelizmente não há o que se fazer”, disse. “Porem em peixes cultivados podemos trabalhar em conjunto com as usinas, com transparência e informações sobre o modo operandi que vai ser tomado nos próximos dias nos reservatório dos lagos, para poder amenizar o impacto”.
Prejuízos: O engenheiro não quis entrar em detalhes sobre os prejuízos causados pelo que está acontecendo, relatou ainda que não existe nenhum tipo de seguro para os piscicultores. Ele acredita que não haverá aumento no preço do produto por ser um “fato isolado”. “O que houve aumento foi devido a falta de chuvas em anos anteriores o qual não houve produção de alevinos suficiente para alojamento nas pisciculturas do Paraná” concluiu Dzendzik.
A ocorrência da embolia gasosa em peixes é rara no Brasil, mas muito comum nos países norte-americanos e europeus. Por isso, é comum que os piscicultores intensivos daqueles países que vivem à jusante de represas ou que usam água pressurizada, meçam constantemente a saturação de gases na água através de um equipamento chamado saturômetro, para evitar surpresas desagradáveis.