A pandemia de Covid-19 provocou o adiamento de aproximadamente 53 mil procedimentos oncológicos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), segundo dados da SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica) apurados entre janeiro de 2020 e junho de 2022.
“Os pacientes oncológicos estão no grupo que postergou os cuidados com a doença com reflexos diretos tanto no sistema público quanto no privado. Hospitais e clínicas registram até 70% de adiamento das cirurgias nos momentos de pico da pandemia”, afirma o médico Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove), do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e PhD em oncologia pela Universidade do Porto, Portugal.
De acordo com o levantamento, as principais baixas foram detectadas nas biópsias de mama e próstata e rastreamento de câncer de colo do útero (Papanicolau) e colorretal (colonoscopia). “Essas reduções no número de procedimentos oncológicos não são exclusividades do Brasil. Aos poucos, os pacientes retornaram às consultas e aos tratamentos oncológicos. Isso deve causar impactos nos sistemas de saúde durante alguns anos”, analisa o pesquisador.
Dados recentes obtidos por nossa reportagem demostram que em hospitais como o Angelina Caron em Campina Grande do Sul no Paraná, durante a Pandemia boa parte das especialidade acumulava procedimentos de maneira assustadora sendo possível pensar que o resultado disso seria um final trágico com muitos pacientes perdendo a vida por não poder se utilizar do ato cirúrgico.
Ramon Andrade de Mello ressalta que o câncer deve ser prioridade. “O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura. Porém, devido a longa espera, alguns casos, que poderiam ter melhores resultados, acabaram se transformando em emergência”.