Desde a semana passada o dólar ultrapassou a marca dos R$ 4,00, a maior cotação desde fevereiro de 2016. A alta da moeda americana já começa a afetar o comércio e, por consequência, o bolso do consumidor, uma vez que as empresas devem transferir parte desse aumento para o preço das mercadorias.
Mesmo quem não vai viajar para fora do país ou tem o hábito de comprar produtos importados, vários itens do dia a dia, desde o pão do café da manhã ao filé de frango do almoço são afetados. Alimentos à base de trigo já mostram aumento no preço porque cerca de metade da farinha usada no Brasil é importada. A carne de aves e suínos também deve ficar mais cara por causa do aumento no preço dos grãos usados na criação desses animais.
Os combustíveis também são fortemente influenciados, pois os derivados de petróleo são cotados em dólar, o que afeta o valor de todos os outros produtos por causa da alta nos custos com transportes e logística.
Esse aumento deve gradual, uma vez que não há condições para elevar os preços de uma só vez. Para não perder os clientes, que já estão descapitalizados e com poder de compra reduzido, muitos comerciantes devem absorver parte dos prejuízos.
A disparada do dólar também afeta a inflação, que influencia a alta de juros, diminuindo a demanda por crédito e, por sua vez, acaba por reduzir o consumo. Outro fator negativo está relacionado à sensação de insegurança, tanto do consumidor quanto do lojista, que se não estiver com bom grau de otimismo, não investe e ainda reduz sua margem de lucro para tentar manter as vendas e continuar competitivo no mercado.
Em seis meses a moeda americana teve alta de aproximadamente de 30%. Saiu de R$ 3,24 em fevereiro e, nesta quarta (29), a cotação para venda está em R$ 4,13.
A instabilidade cambial mescla motivos de ordem interna e externa, mas o principal deles é a incerteza provocada pela eleição presidencial no Brasil. Enquanto não há definição de quem vai governar o país e qual será seu posicionamento, empresários brasileiros e estrangeiros devem adiar decisões de investimento e o mercado tende a pressionar o preço do dólar para cima. No cenário internacional, a guerra comercial travada entre Estados Unidos e China também contribui para o avanço do dólar.