Uma nova epidemia de dengue no sul do país está sendo temida pelos órgãos de saúde a partir de novembro, os números apontam uma diminuição de mais 95% no número de casos confirmados, porém, o mosquito costuma aparecer com mais frequência no início do verão.
Os órgãos de saúde do estado estão se empenhando desde já para prevenir uma nova epidemia de dengue no estado. Em Quedas do Iguaçu agentes de saúde já estão visitando as residências com o intuito de conscientizar a população para o perigo de esta doença voltar a atingir o município.
“Ainda encontramos alguma resistência por parte de alguns moradores”, contou à nossa reportagem uma das responsáveis pela fiscalização.
Estudo aponta que vacinação contra dengue pode reduzir os gastos do SUS em até R$4,7 bilhões¹
Vacinação pode diminuir o número de casos em até 80%
Uma análise publicada no Jornal Brasileiro de Economia mostra que a adoção de uma campanha pública de vacinação diminuiria os impactos sociais e financeiros da doença. Até 80% do número de casos seriam evitados.
A chegada de novas ferramentas de saúde, como medicamentos, vacinas ou tecnologias sempre gera expectativas e questionamentos, especialmente em relação a custo-efetividade. Com a vacina contra dengue não é diferente. O imunizante, desenvolvido pela Sanofi Pasteur, a divisão de vacinas da Sanofi, é o único aprovado no Brasil e no mundo e, justamente, por conta do ineditismo é importante saber se os benefícios que promove justificam o investimento no produto². Um estudo publicado no Jornal Brasileiro de Economia da Saúde mostra que sim, a vacina é custo-efetiva1.
O material mostra que, ao longo de dez anos, estima-se que ocorrerão 18,7 milhões de novos casos sintomáticos de dengue no Brasil. Diante disso, os pesquisadores chegaram à conclusão que a vacina pode gerar uma redução de 49% a 80% no número de pessoas infectadas, dependendo da estratégia de vacinação adotada. “Avaliar a custo-efetividade requer uma visão em longo prazo. As estimativas analisam os efeitos da vacinação na saúde pública com o passar do tempo, por isso foi necessário fazer as projeções ao longo de dez anos”, explica Dr. Denizar Vianna, um dos autores do estudo, que é coordenador de centro de pesquisa do ProVac Network (grupo de estudos de efetividade clínica e análise econômica da OPAS – Organização Pan Americana de Saúde).
Utilizando um modelo dinâmico de transmissão da dengue, o estudo levou em consideração o impacto da vacinação em saúde pública, analisando os parâmetros epidemiológicos e econômicos relacionados à dengue.
Estratégia de vacinação
De acordo com as projeções do estudo para os próximos dez anos, a implementação de uma campanha de vacinação de rotina com crianças de 9 anos e adoção de uma campanha com indivíduos entre 10 e 16 anos, resultaria na redução de cerca de 9 milhões de casos de dengue, 399 mil hospitalizações e 3,24 mil mortes.
Em relação aos custos gerados pela doença, a análise projeta uma economia de aproximadamente R$ 1,3 bilhão para o Sistema Único de Saúde (SUS) e R$ 4,7 bilhões, sob a perspectiva da sociedade brasileira como um todo.
Já no segundo cenário analisado, com a implementação de uma campanha de vacinação de rotina com crianças de 9 anos e adoção de uma campanha com indivíduos entre 10 e 25 anos, o impacto seria ainda maior. Prevenção de mais de 14 milhões de casos sintomáticos da doença, redução de 641 mil hospitalizações e 5,19 mil mortes, além de R$2,1 bilhões de custos evitados para o SUS e R$7,3 bilhões para a sociedade.
Para Vianna, a introdução da vacina tetravalente contra dengue no sistema público reduziria substancialmente a carga da doença, bem como diminuiria o peso econômico ao país. “Este estudo é um importante instrumento para os gestores de saúde na hora de analisar a introdução da vacina em campanhas públicas”, reforça.
O estudo analisou ainda dentro deste contexto qual o preço por dose que a vacina deveria ter. O limiar de preço para a primeira estratégia de 10 a 16 anos é de R$ 187,50 e para a segunda é de R$ 183,60. O preço praticado atualmente no mercado privado varia entre R$ 132,76 e R$ 138,73, de acordo com a alíquota de ICMS de cada estado³. Este valor é estabelecido pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) e refere-se à venda para clínicas e distribuidores.